Friday, December 29, 2006

apelo

foi sugerido um post com referencia ao nosso beloved cardoso. sendo assim, apelo à serenidade, e solicito várias quotes do sujeito em questão.

agradeço a coperação da comunidade. :)

Thursday, December 28, 2006

vais ser

Nota introdutória: este texto foi escrito a 6 de Outubro de 2004, diz-me o computador nos detalhes do ficheiro. Apesar de ter passado o respeitante a ele, gosto bastante disto, diz-me. Como tal, não me atrevo a fazer qualquer correcção sintáctica, morfológica ou semântica.



vais arrastar neste chao tudo o que nao foste, tudo o que nao tiveste, tudo o que deixaste.. e depois vais acordar... Vais acordar, e vais ver que nada valeu a pena... que talvez tudo valha a pena... vais verificar que o futuro que pintaste nunca se realizará, que vais ficar neste mundo, vais ser só mais um espectro, e depois vais pensar. Vais olhar para o céu e nao vai passar de um manto negro sem nada que ilumine o caminho, sem ninguém... E depois, ainda constatarás que por menos que tenhas é tudo o que tens, e isso tens que aproveitar... e vais sofrer... sofrer por ver que tiveste tudo tao perto no nada... e deitaste a perder porque aparentava ser insuficiente, e no fim... não há nada, apenas sonhos desfeitos, vasos partidos e vidas perdidas... e a conclusão final será a mesma, e essa é a relatividade de tudo e sua instabilidade... o arrependimento vai reinar... e no final, não será o nada que estará, será apenas o que não é teu, e o que perdeste... e vais ver que se calhar vale a pena o caminho dificil...

Monday, December 25, 2006

o vizinho

Nota Introdutória: Este texto foi escrito como um rascunho para um argumento para a cadeira de Guionismo II, algures no segundo semestre do primeiro ano. Lá está, rascunho.... :)


J vivia num prédio como todos os outros, com mau isolamento e recheado de senhoras cujo maior divertimento se prendia à observação furtiva do seu bairro. Todos os dias se levantava, tomava o seu duche de 7 minutos, vestia o fato de todos os dias, bebia café, comia as suas duas torradas com doce de morango que comprava em tal sitio, olhava-se ao espelho e saía de casa. J era agente imobiliário. Dependia de uma rotina viciosa da qual o seu maior amor era o seu telefone, das 8 da manhã às 11 da noite, fosse a que hora fosse, fosse que dia fosse J não o largava. Afinal de contas, era tudo o que tinha. Por vezes, J passava dias inteiros em casa, tendo o seu velho roupão como segunda pele, apenas atendendo telefonemas, ludibriando acerca de casas e terrenos. J tinha um vizinho, o M. M era um empresário extremamente bem sucedido, um agente imobiliário tal como J, e vivia no apartamento por cima do seu. Todos os dias J vivia na obcessão de que M passava horas a fio colado ao chão de sua casa, de modo a tentar ouvir todas as estratégias e floreados utilizados por J na venda de propriedades. Portanto, J evitava assim falar concretamente com os seus clientes acerca dos negócios, recorrendo constantemente a metáforas e analogias que se tornavam muitas das vezes absurdas, provocando uma reacção de desconfiança do estado mental deste. Cada vez mais, os “tiques” nervosos eram mais notórios, desde um nervosinho miudo que o atacava constantemente e o fazia agitar infindamente a perna, roer canetas ou piscar o olho esquerdo descontroladamente. Por vezes, ambos os homens se cruzavam nas escadas, esboçando com sofrimento um sorriso ou soltando um grunhido em que algo se parecia com um “bom dia” ou “boa tarde”. Por vezes, de madrugada, toda a casa de M ria de forma estridente, ecoando a voz de diferentes mulheres. J passava noites em branco. No dia seguinte, recomeçava a rotina como se nada se tivesse passado. Regularmente cruzava-se com essas mulheres ao descerem as escadas, observando-as meticulosamente, conseguindo sentir a imundisse do seu olhar. J voltava ao emprego, copulando constantemente com o seu telefone, reflexo da sua vida. Cada vez mais embrenhado neste frenezim pós-moderno, J regurgitava-se cada noite na sua casa com tudo o que precisava para uma vida saudavel, emergindo por momentos da cripta consumista que fomentava. Imediatamente esquecia estas suas reflexões pseudo-filosoficas que tinha durante o seu banho nocturno, para seguidamente voltar à concepção de novas estratégias de venda. Mas a sua maior preocupação, além do seu próprio sucesso, era o segredo do seu negócio pelo qual pugnava de unhas e dentes, não fosse M descobri-lo. J não conseguia perceber o sucesso de M. Por vezes ouvia-o a grunhir ao telefone com algum cliente caprichoso, conseguindo decifrar da conversa valores monetários. Simplesmente J não entendia o que fazia de errado. Uma noite, após um dia de árduo trabalho, J chegou a casa e ouviu um intenso movimento na casa do seu vizinho M. Estava farto. Tinha que descobrir como este atingia o seu sucesso, para tal, J juntou-se às suas excelentissimas vizinhas que deveriam viver com frigorifico e televisão ao lado da janela pois sempre as via a observarem o movimento em geral. Aí descobriu a rotina de M, que em muito não diferia da sua. Isto intrigava-o. J não aguentava a pressão de ameaça de permanente escuta. Como seria possível que M fosse mais bem sucedido que ele mesmo, quando a sua rotina era identica? Mais uma vez J deu por si, sentado na sua sala a ouvir a actividade do apartamento de M. Um dia não aguentou. E possuído por um sentimento qualquer de insanidade e cuscuvilhisse, que havia herdado das suas vizinhas, deu por si a empilhar uma cadeira por cima de uma mesa, para assim conseguir com o auxilio de um copo escutar as conversas de M. Esboçou um sorriso. J havia finalmente desvendado o segredo do sucesso de M.